Força máxima e potência são considerados métodos de treinamento complementares para a preparação de um atleta. No entanto, há evidências de desempenhos semelhantes em resposta a treinamentos de força máxima (TF) e potência (TP). O objetivo deste estudo foi realizar uma comparação entre os dois métodos de treino descritos quanto à eficiência em aumentar a força máxima e a potência no exercício meio agachamento. Vinte e quatro sujeitos fisicamente ativos (peso 76 ± 8,4 kg, estatura 178,2 ± 5,3 cm), com no mínimo seis meses de interrupção no treinamento de força para membros inferiores, foram divididos nos grupos TF e TP. Foram realizados pré e pós-treinamento o teste de força dinâmica máxima (1 RM) e de potência muscular de membros inferiores no exercício meio agachamento com carga de 30% 1 RM. Após oito semanas de treinamento (3x/semana) observou-se que a força máxima aumentou significante (p < 0,001) e similarmente, 23% e 16% para os grupos TF e TP, respectivamente. A potência relativa concêntrica média aumentou quando considerados os dois grupos em conjunto (p < 0,05). Os principais achados foram que TF e TP aumentaram tanto a força máxima quanto a potência de maneira semelhante.
Inicialmente, faz-se necessário destacar a ausência de um grupo controle, o qual não realizaria nenhum tipo de treinamento. Optou-se por não utilizar um grupo controle devido à extensiva familiarização a que os sujeitos foram expostos, produzindo uma variabilidade na produção de potência mecânica menor que 3%. Esse valor foi muito inferior ao aumento percentual médio de potência encontrado no nosso estudo (9,19%), evidenciando um real efeito de treinamento.
Na literatura, há evidências que sustentam a hipótese dos ganhos semelhantes em força máxima a partir do treinamento de potência e de força máxima (HARRIS et al., 2000; KYROLAINEN et al., 2005). Porém, não é comum serem reportados os valores de força relativa, o que impede a realização de inferências sobre o grau de treinabilidade dos sujeitos envolvidos nos estudos. No presente trabalho, o valor médio inicial de força relativa de toda a amostra foi 1,95 ± 0,24. Portanto, mesmo com a ausência de no mínimo seis meses do treinamento de força, os indivíduos apresentaram um nível elevado de força de membros inferiores, sendo provavelmente menos responsivos ao treino. Optouse por uma amostra com este perfil por ser mais próximo da realidade esportiva, tal como evidenciado por MCBRIDE et al. (2002). Apesar da força relativa elevada, no presente estudo verificou-se efeito positivo e significante de ambos os protocolos de treinamento.
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